domingo, 26 de fevereiro de 2012

Há sempre uma música

Pode estar fora de moda, ser de outro tempo, de um estilo de música inesperado e até de uma figura de talento questionável. Sendo certo que meter-lhe uma boa dose de alma ajuda, a dura verdade é que não há receita para uma grande música. E só há um ingrediente comum: todas fazem sentido.

Num dia bom, uma grande música é descoberta à conversa. Num dia perfeito, uma grande música serve de apresentação a músicos incríveis. E normalmente, o momento fica gravado. Ouvi a Roadhouse blues, em disco, sentado em frente à aparelhagem do meu pai. Ouvi a Smells Like Teen Spirit, em cassete, na aparelhagem do meu primo antes de mais uma sinistra explicação de matemática. Descobri a Moanin, em cd, numa das Fnac de Madrid, depois de perguntar ao meu pai: "Por onde começo a ouvir Jazz?". Descobri a Hurt numa praia ali para os lados de Óbidos, num mp3 emprestado, a meio de um cinzento dia de praia.

Ao seu jeito, por um motivo ou outro, todas fizeram sentido e todas abriram a porta a horas infindáveis de música. Gostaria de blues se não tivesse tropeçado na guitarra do Krieger? Sem os meus amigos Cobain, Grohl e Novoselic teria descoberto o Alternative Nation na MTV? Sem o balanço da bateria do Art Blakey teria chegado ao Coltrane? E sem a versão dos Nine Inch Nails descobriria o Johnny Cash?

Foi à conversa que me apresentaram os Mumford & Sons e foi a White Blank Page que me fez ir ouvir o Sigh No More. Pelo Youtube encontrei história de uma página não tão em branco assim, de um coração cansado, cantada entre amigos por um tal de Mumford. Não sei quem compôs ou quem escreveu, não sei se há por ali génio ou um talento digno de registo, mas faz sentido. Porque nem sempre as prometidas páginas estão em branco, porque, porque nem sempre as promessas se concretizam, o melhor é esperar pelo segundo disco e pelo concerto no Alive.



Enjoy

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